Grupos em defesa de áreas verdes têm se articulado coletivamente frente à especulação imobiliária na capital baiana
“A união faz a força” é um ditado antigo e certeiro. Isso porque quando pessoas trabalham juntas e se apoiam mutuamente, conseguem alcançar resultados e superar desafios impossíveis de fazer individualmente. Um fato marcante que ilustra, na prática, o alcance de resultados coletivos foi a suspensão do leilão da área verde do Morro Ipiranga, na Barra, em Salvador, ocorrida na última semana.
O anúncio de leilão do terreno de cerca de três mil metros quadrados da área de preservação permanente foi feito pela Prefeitura de Salvador, com lance mínimo de R$ 4.945.000. Após pressão e incidência de grupos ambientalistas, liderado pelo movimento SOS Áreas Verdes, a Justiça Federal suspendeu, no último dia 15, a ação que culminaria na alienação do terreno.
O movimento SOS Buracão atua na mesma sinergia, fazendo enfrentamento à especulação imobiliária praticada pela Odebrecht que quer construir dois espigões de 17 andares de apartamentos, incluindo 4 andares que chegam ao nível da praia do Buracão, no bairro Rio Vermelho. O empreendimento poderá gerar diversos problemas irreversíveis, incluindo a sombra na praia, que trazem consequências diretas para a vida marinha e a balneabilidade. O movimento surgiu há pouco mais de dois anos e conta com o apoio de outros coletivos ambientalistas que atuam em união pela defesa da cidade de Salvador.
Para o presidente da Associação de moradores da Rua Barro Vermelho e liderança no SOS Buracão, Miguel Sehbe, a união de movimentos ambientalistas mostra uma força em crescimento exponencial capaz de definir rumos políticos, inclusive.
“Infelizmente o senhor Prefeito ainda trata os movimentos ambientais com ironia e sarcasmo inapropriado. É importante chamarmos atenção para a questão ambiental que passou a ser a luta pela sobrevivência do planeta e de quem o habita, por consequência. Hoje, tratar o planeta com cabeça ambiental passou a ser um sinal de inteligência, portanto, não trata-se de questiúnculas ligadas à esquerda ou à direita. Em realidade, acéfalos passaram a ser quem age contra a mãe natureza”, destaca a liderança do SOS Buracão ao lembrar que a preocupação ambiental não implica em negar o desenvolvimento sustentável, mas fazê-lo com respeito ao próximo.
Uma das defensoras e liderança no movimento de proteção ao Morro Ipiranga, Olga Pontes reforça a necessidade da atuação conjunta dos movimentos ambientalistas.
“Em tempos de constantes ameaças ao patrimônio e à identidade da cidade que é de todos nós, a união dos movimentos vai além de um ato de amor e coragem – é um gesto de consciência coletiva sobre o valor do que estamos prestes a perder. Salvador precisa, mais do que nunca, da força de todos nós juntos, porque juntos somos capazes de transformar”, aposta.
Além do SOS Buracão e SOS Áreas Verdes, a capital baiana conta com outros coletivos de defesa ambiental como o Coletivo Stella Maris, o próprio movimento Morro Ipiranga, Salve Verde e Rua Alagoinhas.
Suspensão de leilão do Morro Ipiranga
A suspensão do leilão no último dia 15 se deu por diversos motivos, entre eles pelo fato de ser uma área de preservação permanente, ou seja, terreno protegido, coberto ou não por vegetação nativa e que tem a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade. O regime de proteção destas áreas impõe restrições rigorosas à sua ocupação.
Em sua decisão, o juiz Alex Schramm da Rocha lembrou ainda que a intervenção da Justiça é fundamental para a prevenção de danos urbanísticos e ambientais de difícil reversão e frisou que o município não demonstrou a existência de um fator substancial que justifique a realização imediata do leilão.
Fonte: Assessoria de Imprensa
Foto: Acervo SOS Buracão