Um estudo recente conduzido por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, trouxe novas evidências sobre o potencial terapêutico de substâncias psicodélicas no tratamento da ansiedade e depressão. Desta vez, a pesquisa focou em uma molécula alucinógena encontrada no veneno do sapo Bufo alvarius, também conhecido como sapo-do-deserto-de-Sonora.
A substância em questão é a 5-MeO-DMT (5-metoxi-N, N-dimetiltriptamina ou O-metil-bufotenina), um composto psicodélico potente que, segundo o estudo, mostrou efeitos positivos significativos na saúde mental dos participantes.
A pesquisa, publicada na revista The American Journal of Drug and Alcohol Abuse, analisou 362 adultos que receberam a substância em um ambiente controlado. Os resultados são animadores: cerca de 80% dos participantes relataram melhorias nos sintomas de ansiedade e depressão.
Os cientistas apontam que os efeitos benéficos estão diretamente ligados à intensidade da experiência psicodélica. Aqueles que tiveram vivências mais profundas relataram uma maior sensação de bem-estar duradouro e uma melhoria significativa na qualidade de vida. Isso reforça a ideia de que substâncias psicodélicas, quando utilizadas com acompanhamento profissional, podem ser aliadas poderosas no tratamento de transtornos mentais.
Estudos anteriores já indicavam o potencial terapêutico da 5-MeO-DMT. Uma pesquisa publicada na renomada revista Nature demonstrou que a substância pode estimular a produção de serotonina, neurotransmissor fundamental para a regulação do humor. Como a baixa concentração de serotonina está associada à depressão, esse mecanismo pode explicar os efeitos antidepressivos sustentados observados nos participantes.
Apesar dos resultados promissores, os pesquisadores enfatizam a necessidade de mais estudos para compreender os efeitos a longo prazo do uso da 5-MeO-DMT. Atualmente, a regulamentação de substâncias psicodélicas ainda enfrenta barreiras legais em diversos países, incluindo o Brasil, o que dificulta o acesso a tratamentos inovadores baseados em evidências científicas.
O debate sobre o uso terapêutico de substâncias psicodélicas está avançando no Brasil. Recentemente, a ANVISA tem analisado estudos e possibilidades de regulamentação para compostos como a psilocibina e o MDMA, já utilizados em estudos clínicos para transtornos mentais. A esperança é que, com mais pesquisas e conscientização, o acesso a essas terapias se torne uma realidade para pacientes que necessitam de novas opções de tratamento.
A ciência segue apontando caminhos inovadores para a saúde mental. O desafio agora é superar o estigma e permitir que evidências como essas impulsionem mudanças nas políticas públicas de saúde.
Fonte: Cannabis Medicinal
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