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Vida Além do Trabalho: movimento pelo fim da escala 6×1 ganha força

Petição ao Congresso, com quase 600 mil assinaturas, afirma que jornada com apenas um dia de descanso causa exaustão física e mental dos trabalhadores

Rick Azevedo, jovem de 30 anos, tocantinense e morador do Rio de Janeiro, é TikToker desde 2020; a maioria dos vídeos publicados na rede social era sobre estrelas da música pop como Beyoncé e Rihanna. Mas foi no dia 13 de setembro do último ano que Rick viu sua conta ganhar destaque após mudar o rumo do conteúdo e abrir espaço para um desabafo pessoal: na época, balconista de uma farmácia, se sentia esgotado com a carga horária e escala intensa de trabalho. “Quero saber quando é que nós, da classe trabalhadora, iremos fazer uma revolução nesse país relacionada à escala 6×1. É uma escravidão moderna. Se a gente não se revoltar, colocar a boca no mundo, meter o pé na porta, as coisas não vão mudar”, disse em vídeo que já alcançou quase 900 mil views.

Percebo que todo mundo está exausto. Ninguém aguenta mais a escala e a carga horária. As pessoas estão doentes e querem mudanças, mas, em situação de tanto esgotamento mental e físico, não sabiam como fazer, como falar.

Rick Azevedo

Líder do Movimento Vida Além do Trabalho

A angústia era o resultado acumulado de doze anos com escala de seis dias de trabalho por um de folga com diferentes empregadores: curso de inglês, supermercado, lanchonete, lojas e farmácia. O estopim para publicação do vídeo foi que, no dia de folga, sua supervisora ligou avisando que Rick precisaria chegar mais cedo no dia seguinte, reduzindo ainda mais seu limitado tempo de descanso.

Apoiado por seguidores que se sentiam da mesma maneira, Rick (Ricardo) Azevedo seguiu o próprio conselho. Com a produção de vídeos totalmente voltados para a organização do movimento e chamadas para a rua, seus gritos de revolta tocaram os semelhantes. Foi nesse contexto de insatisfações que nasceu o Vida Além do Trabalho (VAT), movimento pelo fim da escala 6×1 e uma vida digna. Para seu líder, a aceitação é reflexo do cansaço do trabalhador atual. “Percebo que todo mundo está exausto. Ninguém aguenta mais a escala e a carga horária. As pessoas estão doentes e querem mudanças, mas, em situação de tanto esgotamento mental e físico, não sabiam como fazer, como falar. O movimento foi como um norte”, afirma Rick.

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O VAT cresce continuamente desde então. “Quando vi aquela proporção de engajamento, comecei a fazer mais vídeos no tema. Saí do emprego na farmácia. Criei uma comunidade no WhatsApp convocando os seguidores para organizar manifestações e panfletagens, pensando que daria 50 pessoas, mas foi além de dois mil participantes. Por isso, fizemos grupos de cada estado e, em seguida, achei que também precisava de algo mais oficial. Foi aí que pensei na petição”, explica Rick.

Fonte / Imagem: COLABORA

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