Câmara Municipal de SalvadorDireitos HumanosPolítica

“13 de maio é dia de luta e resistência, não de comemoração”, diz Marta Rodrigues

Para a vereadora de Salvador, a verdadeira liberdade não foi concedida: “Ela nasce das mãos e da luta de quem se recusa a continuar acorrentado. Foi assim ontem, e continua sendo assim hoje”

A presidente da Comissão de Reparação da Câmara Municipal de Salvador, vereadora Marta Rodrigues (PT), afirmou nesta terça-feira (13) que o 13 de maio não deve ser tratado como uma data de celebração, mas sim de reflexão crítica, resistência e mobilização do povo negro. Para a parlamentar, a chamada “abolição da escravatura” em 1888 foi uma farsa histórica que silenciou os verdadeiros protagonistas da luta por liberdade no Brasil: homens e mulheres negras que resistiram ao cativeiro e enfrentaram o regime escravocrata com coragem, inteligência e organização.

“O 13 de maio marca o abandono da população negra, e não sua libertação. A Lei Áurea não passou de um ato simbólico, sem qualquer medida de reparação ou inclusão social. Os negros foram deixados à margem, sem terra, sem trabalho, sem escola, sem direitos. Não houve abolição de fato”, declarou Marta Rodrigues.

Segundo a vereadora, o 13 de maio deve servir para convocar a sociedade à luta por políticas públicas efetivas e reparadoras. Neste contexto, ela enalteceu o Bembé do Mercado, uma festa religiosa de matriz africana, considerada uma das maiores celebrações de candomblé de rua do mundo. Realizado em Santo Amaro da Purificação, o evento é um símbolo de resistência do povo negro, reunindo diversos terreiros para homenagear os orixás, voduns e inquices.

Marta reforçou a importância de fortalecer programas voltados à população negra, como educação antirracista, saúde, cotas raciais, valorização da cultura afro-brasileira e combate ao genocídio da juventude negra. “É necessário garantir orçamento e vontade política para transformar essas políticas em realidade. O 13 de maio deve nos lembrar disso, pois só assim podemos alcançar reparações econômicas e simbólicas para o povo negro”, comentou.

A vereadora lembrou que a história oficial ainda insiste em enaltecer a figura da Princesa Isabel como responsável pela libertação dos escravizados, enquanto apaga a memória de líderes como Maria Felipa, Luiza Mahin, os Malês, os guerreiros da Revolta dos Búzios e tantos outros que, com sangue e resistência, forjaram o caminho da liberdade. “Foi o povo negro que lutou pela sua própria libertação. A monarquia apenas assinou o que já era inevitável diante das revoltas, fugas, quilombos e da força da resistência”, disse.

A parlamentar aproveitou a data para parabenizar e reverenciar intelectuais e ativistas negras contemporâneas que foram, e têm sido, fundamentais na construção de uma consciência racial crítica e transformadora, entre elas Lélia Gonzalez, Luiza Bairros, Djamila Ribeiro, Conceição Evaristo, Carla Akotirene e a professora e pesquisadora baiana Bárbara Carine. “São muitas e muitos nesse papel. Essas pessoas elaboram saberes que nos ajudam a entender e enfrentar o racismo estrutural que ainda organiza a sociedade brasileira”, afirmou.

Marta enfatizou ainda que a luta por reparação histórica segue urgente. “O Brasil nunca indenizou os milhões de negros escravizados e seus descendentes. Nunca reconheceu com seriedade a dívida histórica com o povo negro. Por isso, o 13 de maio é um dia de denúncia e de chamado à mobilização.”

Para Marta, a verdadeira liberdade não foi concedida. “Ela nasce das mãos e da luta de quem se recusa a continuar acorrentado. Foi assim ontem, e continua sendo assim hoje”, concluiu.

Fonte / Foto: Ascom ver Marta Rodrigues – PT

Related posts

Bruno Reis faz carreata por Amaralina, Nordeste e Santa Cruz e destaca implantação de escada rolante conectando região ao BRT

Fulvio Bahia

Aladilce convoca as mulheres para a revisão do PDDU

Fulvio Bahia

Manipulação no futebol pode acelerar regulamentação de apostas esportivas

Fulvio Bahia

Deixe um comentário

Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência. Nós assumimos que você concorda com isso, mas você pode desistir caso deseje. Aceitar Leia Mais