A professora baiana Rosângela Moreira está sendo processada por calúnia e difamação por Rui Oliveira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia (APLB). O processo teve início após críticas feitas pela docente à gestão do sindicato em um grupo de WhatsApp denominado “Professores do Estado”, composto por cerca de 90 pessoas. O episódio gerou revolta entre colegas da categoria e defensores da liberdade de expressão, que veem o caso como um ataque ao direito de crítica e manifestação.
No áudio que motivou a ação judicial, a professora expressou sua frustração com a postura do sindicato, afirmando que “não temos sindicato” e que “Rui Oliveira vendeu os professores”. Em vez de responder a essas críticas por meio do diálogo e escuta, o presidente da APLB optou por judicializar a questão, numa tentativa vista como censura à voz de uma trabalhadora que apenas expressava sua insatisfação com a liderança sindical.
Rosângela, de 64 anos e aposentada, que integra a APLB desde 1984, declarou seu espanto diante da ação movida por Rui Oliveira. “Ele deveria respeitar até minha idade. Como é que um coordenador processa um associado? Ele é uma pessoa pública, está lá para ouvir nossas reclamações”, afirmou a professora, deixando claro seu sentimento de injustiça diante da situação. “Nós fazíamos luta, minha casa era comitê aqui em Ubaitaba. Quando reclamamos nossos direitos, é porque estamos desde 2012 com o mesmo salário. Pagamos sindicato para resolver nossos problemas, e ele não orienta. Tá na hora dele entregar a chave da APLB, botar outra pessoa para lutar pelos nossos direitos.”
A indignação de Rosângela é compartilhada por muitos professores que veem nesse processo uma inversão de prioridades da liderança sindical. Para eles, em vez de concentrar esforços em resolver os problemas da categoria — como a luta pelo Piso Salarial e a equiparação salarial —, o presidente da APLB escolheu silenciar uma das vozes que clamam por mudanças e ação efetiva. A decisão de judicializar críticas feitas em um ambiente privado, como um grupo de WhatsApp, levanta ainda questões sobre o limite entre crítica e difamação, além de colocar em dúvida o compromisso de Rui Oliveira com a transparência e a defesa intransigente dos interesses dos professores.
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