A Advogada Criminalista Drª Karina Vaz nasceu em Ilhéus, sul do estado da Bahia. Mudou-se para Salvador no ano de 2011, formou-se na universidade e logo começou a trabalhar, aos 17 anos de idade, como estagiária. À medida que estudava, galgava cargos maiores.
Drª Karina é formada em Direito, Administração, Marketing e Psicologia Social. É especialista em Psicologia Social, Negócios e Gestão. Atualmente é empresária no ramo de marketing e advogada criminalista, atuante na defesa criminal, execução penal e assistente de acusação, além de atuar com liminares e mandados de segurança.
Drª Karina Vaz atua em uma área majoritariamente masculina. Mulher, negra, na área criminal, a advogada já sofreu (e ainda sofre) com o preconceito, discriminação e assédio.
Ela concedeu uma entrevista exclusiva ao Caderno Baiano. Confira abaixo:
Por que escolheu a advocacia? Alguém te inspirou?
Costumo dizer que foi a advocacia que me escolheu, pois desde criança, já “defendia” as pessoas que eu via sendo injustiçadas. Eu tenho a defesa correndo nas veias. Mas o Direito foi o último curso que eu fiz. Demorou, mas tinha chegado a minha hora! Tenho familiares que atuam na área do Direito, mas as maiores inspirações foram a minha madrinha, que é defensora pública e um dos meus irmãos que é procurador.
Qual a realidade do mercado de trabalho atual na área de direito?
Somos muitos advogados. No entanto, creio que exista espaço para todos, pois o trabalho traz em si uma relação de confiança, e o método e atendimento fazem o advogado.
Ressalto que na advocacia existem vários sub ramos. Creio que não seja inteligente atuar em todos eles.
Qual a importância da atuação da defesa criminal?
Segundo os artigos e os princípios constitucionais, todas as pessoas que são acusadas por crimes, merecem um processo justo. Uma pessoa pode ser acusada ou condenada e perder a sua liberdade; jamais a sua dignidade. O papel da advocacia criminal é de suma importância, para promover a garantia dos direitos de alguém que é acusado ou condenado.
Quais são os maiores desafios da mulher advogada no Brasil?
Preconceito e discriminação. Vivemos diante de um cenário machista. Acontece não só no exercício da advocacia, mas em muitas áreas que “não seriam destinadas às mulheres”. Cabe a nós conquistar os espaços com coragem e luta pela igualdade de gênero.
Já enfrentrou algum tipo de preconceito?
Sim, desde que eu me entendo por pessoa, tenho enfrentado inúmeras formas de preconceito: desde o preconceito velado até formas explícitas com violência.
Já fui vítima de racismo por ser negra, sofri e sofro preconceito por ser mulher e ter me tornado a protagonista da minha própria história e, para muitas pessoas, os lugares e posições que eu galguei, não seriam para mim. Por muitas vezes, nos ambientes que eu frequento eu sou a única mulher negra que não está trabalhando como serviços gerais.
Cito dois episódios que me marcaram muito: na escola fui chamada de macaca durante uma apresentação de um trabalho sobre educação social e, recentemente, ao oferecer um creme hidratante, a pessoa recusou, pois se era para o meu uso, iria escurecer a pele dela. Essas coisas marcam as nossas vidas.
Sou advogada, empresária, mulher e negra. Inevitavelmente, eu sofro preconceito e discriminação.
E assédio?
Sim, eu já sofri assédio e esse fator é um ponto sensível para mim.
Quando eu trabalhava em empresas, fui vítima de assédio moral, que é a exposição de pessoas a situações humilhantes e constrangedoras no ambiente de trabalho.
Desde que sou autônoma, por ser mulher e muitas vezes estar sozinha, trabalhando ou em qualquer outra atividade, desperta em algumas pessoas a impressão que eu estou disponível. Procuro ser educada e empática com as pessoas que eu me relaciono, mas, por muitas vezes, por isso eu sofro assédio sexual e importunações.
Acontece quase que diariamente pelas redes sociais, onde alguns homens se dirigem a mim com incitações sexuais inoportunas. Já registrei boletins de ocorrência por ter sido vítima de assédio, importunação sexual, tentativa de estupro e também stalking (perseguição).
Como é ser uma criminalista, em uma área majoritariamente masculina?
É um grande desafio. A área criminal é majoritariamente masculina, tanto no que se refere aos clientes que eu atendo, quanto aos profissionais que preciso manter contatos para exercer o meu trabalho.
Vamos a um bate-bola…
Ser Advogada é… incrível!
Sucesso é… viver bem
Família: minha base
Uma saudade: meu avô
Animal preferido: meu cachorro Henzo
Melhor amigo: minha comadre, Kaiala
Sua maior qualidade: coragem e determinação
Seu pior defeito: imediatismo
Ama: trabalhar
Odeia: inveja
Esporte que pratica: musculação
Estilo de música preferido: jazz e música eletrônica
Um medo: a morte dos que amo
Time do coração: não gosto de futebol
Cheiro preferido: casa limpa
Um arrependimento: ter sido impulsiva demais
Palavra preferida: fé
Comida preferida: japonesa
Bebida preferida: água de coco
Outra profissão que gostaria de ter: rsrs Já tenho todas que gostaria
Não acredita: em conto de fadas
Jamais faria em você: despigmentação de melanina
Maior mentira que já escutou: será para sempre
Jamais mudaria em você: personalidade
Religião: candomblé de Angola, orgulhosamente feita há 10 anos
Deus: eu não ando só
Mulher que admira: minha mãe
Homem que admira: meu pai
Pra finalizar, gostaria de deixar uma mensagem?
Hoje é menos um dia das nossas vidas. O tempo é agora, então faça o que precisa ser feito.
Por Fabi Costa
Foto: ASCOM Drª Karina Vaz