No mês em que se celebra o Dia Mundial da Alimentação – 16 de outubro –, essas tecnologias sociais ganham destaque com apoio do MDS a 892 unidades habilitadas pelo país
Cozinha costuma ter cheiro de afeto. Imagina uma cozinha solidária? Ela tem o poder de salvar vidas, como relatou emocionada Maria da Graças Santos, coordenadora da Cozinha Solidária Danielle Bispo, que em agosto teve uma nova sede inaugurada, em São Cristóvão (SE). “Ver uma mãe, com cinco filhos, grávida de quatro meses, desmaiar na minha frente, porque ela não tinha comido nada. Para mim, marcou muito”.
Essas tecnologias sociais são uma ação organizada de iniciativa da sociedade civil destinada a produzir e ofertar refeições gratuitas para grupos que se encontram em situação de vulnerabilidade socioeconômica e insegurança alimentar. Hoje, elas são um programa do Governo Federal e peça fundamental na engrenagem de combate à fome no país.
“O Programa Cozinha Solidária assume um papel central na agenda de governo de combate à fome do governo Lula. O governo abraçou essa tecnologia social que é da própria comunidade e que tem ofertado refeições para as pessoas mais vulnerabilizadas, incluindo a população em situação de rua, principalmente nas áreas periféricas das grandes cidades”, explicou Patrícia Gentil, diretora do departamento de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS).
As unidades possuem gestão própria e desenvolvem outras atividades de interesse coletivo, como oficinas de formação, ações de educação alimentar e nutricional. É possível encontrar as cozinhas em territórios vulneráveis, considerados locais estratégicos para a oferta de alimentação de qualidade.
O Programa Cozinha Solidária tem como eixos o apoio ao funcionamento das unidades; o fornecimento de alimentos e; a formação de colaboradores. São 892 cozinhas habilitadas pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), em funcionamento no Brasil, oferecendo refeições às populações em vulnerabilidade social, insegurança alimentar e fortalecendo uma grande rede de solidariedade.
“O apoio dos poderes públicos às cozinhas reconhece essa iniciativa da sociedade civil como importante para a oferta de refeições. Desde o início do ano passado, identificamos cerca de 2.400 cozinhas solidárias e, a partir da regulamentação do programa, iniciamos um processo de habilitação para que elas possam ter o apoio de recursos públicos”, afirmou Lilian Rahal, secretária Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, durante o lançamento da iniciativa Cozinha Solidária Sustentável, na última quarta-feira (2.10).
A presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Elisabetta Recine, explicou que a cozinha solidária serve como um polo de articulação entre várias iniciativas da agricultura familiar, agricultura urbana, de hortas comunitárias, do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e potencializa essa série de ações.
“A cozinha solidária é uma experiência genuinamente popular. Ela não fornece apenas refeições saudáveis para as famílias, ela também vira um polo de organização e de desenvolvimento da comunidade”, detalhou. “Aqui a comunidade se encontra, reestabelece vínculos comunitários, de solidariedade e empodera as pessoas rumo à autonomia”, completou Elisabetta Recine.
Uma das beneficiadas pela Cozinha Solidária do Sol Nascente, região administrativa no Distrito Federal, Jéssica Cristina Sousa, faz refeições no local todos os dias. Ela, os quatro filhos, irmã, sobrinhos e pais almoçam e, por vezes, levam a janta para casa. “A comida aqui é maravilhosa. As pessoas daqui também são maravilhosas. Ajuda muito”.
Na comunidade, a tecnologia social ainda tem uma interconexão com o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), fundamental para a segurança alimentar no país. A cozinha recebe alimentos provenientes da agricultura familiar, que são comprados pelo Governo Federal e doados no local.
Fonte / Foto: Agência Brasil