Defensoria PúblicaInclusão SocialJustiçaPovos Indígenas

Defensoria da Bahia cria primeira estrutura do Sistema Justiça estadual para defesa de indígenas e ciganos

Além da defesa judicial, o Núcleo de Igualdade Étnica será responsável por fomentar uma política institucional de atuação e promover articulações com os movimentos sociais, defensorias públicas e demais entes de garantia de direitos

A Defensoria Pública da Bahia (DPE/BA) se encheu de cocares para assistir ao anúncio de criação da estrutura voltada à defesa e promoção dos direitos dos povos originários. Criado por meio da Portaria Nº 1225/2024, o Núcleo de Igualdade Étnica vai atuar em todo o estado, inclusive nas comarcas que não possuem sede da Defensoria, na defesa dos direitos e interesses dos povos indígenas e outros grupos étnicos.

A estrutura foi apresentada a lideranças indígenas, representantes do Sistema de Justiça e de entes municipal, estadual e federal numa cerimônia festiva realizada na tarde de quinta-feira, 26, no Auditório da Escola Superior da DPE/BA, no CAB. O Núcleo de Igualdade Étnica da DPE/BA é a primeira estrutura do Sistema de Justiça estadual dedicada à defesa dos direitos e interesses dos povos indígenas e ciganos.

De acordo com o Censo 2022, o número de pessoas que se autodeclararam indígenas quase quadruplicou na Bahia, em comparação ao último Censo. Com isso, o estado passou a contabilizar a segunda maior população indígena do país, com 229.103 pessoas, ficando atrás apenas do Amazonas. Salvador é a cidade baiana com maior população indígena e ocupa o quarto lugar no ranking nacional do mesmo indicador.

Com a criação do Núcleo, a DPE/BA sedimenta mais um avanço na trajetória em prol dos direitos dos povos indígenas iniciada com o projeto Balcão de Direitos Humanos, lançado em 2008, e que teve no Grupo de Trabalho sobre Igualdade Étnica o ato mais recente até então. “Essa entrega concretiza o desejo de um presente e um futuro cada vez mais ancestral para a Defensora Pública da Bahia”, ressaltou a defensora-geral, Firmiane Venâncio, em seu discurso.

A nova estrutura está vinculada à Especializada de Direitos Humanos, mas sua atuação envolverá uma articulação permanente com toda a instituição para definição de estratégias comuns e intercâmbio de experiências no fortalecimento da defesa dos direitos dos povos indígenas. Também está entre as atribuições a elaboração de políticas públicas, de uma política institucional voltada para a defesa judicial e extrajudicial dos grupos étnicos e educação em direitos.

“Ver a Defensoria da Bahia ser a primeira a criar um Núcleo como este é representativo. Significa que os povos indígenas bateram tanto em nossas portas, que elas foram abertas. Esse também é um convite para que as outras instituições façam o mesmo”, comemora a coordenadora do Núcleo de Igualdade Étnica, Aléssia Tuxá.

Composição

Além da Coordenação, o Núcleo de Igualdade Étnica será composto por seis defensores(as), assistente social, psicólogo(a), antropólogo(a), analistas técnicos(as) e estagiários(as). Pela Portaria, os(as) defensores(as) deverão ser indicados, prioritariamente, com base nos critérios de experiência na temática e lotação em localidades com maior concentração de povos indígenas.

De acordo com o Censo 2022, 411 dos 417 municípios da Bahia (98,6% ) têm população indígena. E, para garantir que, mesmo onde a Defensoria da Bahia não está instalada, os direitos desse segmento sejam garantidos, o Núcleo vai atuar em processos de grave violação de direitos humanos, defesa criminal de pessoas indígenas e na defesa dos direitos de crianças e adolescentes indígenas em situação de vulnerabilidade.

“Nas comarcas com Defensoria instalada, nosso papel será de suporte aos colegas com substrato teórico e desenvolvimento de teses para atuação nos casos que, por ventura, venham acompanhando”, explicou Aléssia Tuxá.

Diálogo permanente

Além da articulação interna e atuação como órgão de execução, a nova estrutura vai desempenhar uma atuação estratégica de articulação com os movimentos sociais, defensorias de outros estados, do Distrito Federal e da União. O Núcleo deverá identificar pautas populares no âmbito dos direitos indígenas que possam ser fortalecidas pela Defensoria e articular estratégias comuns em assuntos de âmbito regional e nacional.

Para a ouvidora-adjunta da Ouvidoria Cidadã da DPE/BA, Rutian Pataxó, o Núcleo de Igualdade Racial representa uma soma de forças com as instituições que já atuam na defesa dos povos indígenas. “Que a gente possa ter a sociedade civil e as demais instituições como parceiros na luta. A defesa dos territórios não é uma pauta indígena apenas, mas representa a defesa da vida e da sociedade”, assinalou.

Presente no evento de apresentação da estrutura, a presidente da Associação dos(as) Defensores(as) Públicos(as) da Bahia (ADEP/BA), Tereza Cristina, colocou a associação à disposição para auxiliar o Núcleo na interlocução com os demais atores. “A gente se compromete, enquanto associação de classe, em estar juntos nessa política de comprometimento e também em falar com as outras autoridades para amplificar as vozes do movimento indígena”, destacou.

Também compuseram a frente de honra do evento: a desembargadora Marielza Brandão Franco, representando a Presidência do Tribunal de Justiça da Bahia; o promotor de justiça Rogério Luiz de Queiroz, representando a Procuradoria-Geral de Justiça; Jerry Matalawê, representando a Superintendência de Políticas para Povos Indígenas da Bahia; a secretária municipal de Políticas para Mulheres, Fernanda Lordelo; a corregedora-adjunta da DPE/BA, Isabel Almeida; e a presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB/BA, Camila Carneiro.

Fonte: ASCOM DPE/BA
Foto: Divulgação

Related posts

Município de Dias D’Ávila é obrigado a disponibilizar fraldas para criança com problemas de saúde

Fulvio Bahia

PRF prende foragido da justiça na BR 242 em Luís Eduardo Magalhães

Fulvio Bahia

Encontro da Educação Escolar Indígena reúne coordenadores pedagógicos e gestores escolares indígenas, em Salvador

Fulvio Bahia

Deixe um comentário

Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência. Nós assumimos que você concorda com isso, mas você pode desistir caso deseje. Aceitar Leia Mais