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Idosa abandonada na infância busca exame de DNA com ajuda da Defensoria Pública para encontrar possíveis irmãos biológicos

“Se for da permissão de Deus, eu vou ganhar irmãos agora no final da vida. Nunca é tarde”, disse Vera Lúcia durante passagem da Unidade Móvel em São Desidério

Após duas semanas e sete cidades visitadas, a Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE/BA) encerrou a Expedição Oeste da Bahia. Neste período, entre os dias 6 a 19 de julho, foi superada a marca de cinco mil atendimentos – marca que traduz o impacto dos serviços jurídicos e também o trabalho de educação em direitos junto à população, incluindo as cartilhas multitemáticas. Na segunda semana, receberam os serviços jurídicos gratuitos itinerantes as cidades de São Desidério, Baianópolis, Cotegipe e Wanderley.

Em São Desidério, uma história chamou a atenção. Vera Lúcia de Assis (67 anos) foi criada pela avó materna após ter sido abandonada pelos genitores ainda criança. Ela precisou de  muita força para seguir em frente. “Sem pai, sem mãe e nem irmão, eu tive que me questionar ‘o que eu vou fazer com essa mágoa? Ficar mal com pessoas que não têm nada a ver com a minha história? Ou transformar em força e seguir em frente? Então formei a minha família, casei e tive filhos”, relatou.

Vera Lúcia disse que muito tempo depois, a mãe de Ariovaldo Afonso (67) e Suely Oliveira (69) afirmou que ela poderia ser irmã paterna dos seus filhos. Com o tempo, foi criado um vínculo muito forte e especial entre as duas famílias e, nos últimos dias, às vésperas do próprio batismo, Vera Lúcia recebeu da filha a notícia de que a Unidade Móvel da DPE/BA estaria em São Desidério.

Ela não perdeu tempo: chamou Ariovaldo e Suely para fazer o exame de DNA e descobrir se são irmãos de sangue – porque, de coração, eles não têm dúvida alguma.

“Esse está sendo um momento muito especial para mim porque, se for da permissão de Deus, eu vou ganhar irmãos agora no final da vida. Nunca é tarde. Se der positivo, vou poder dizer ‘obrigada, meu Senhor, por mais uma graça alcançada, pois eu tenho dois irmãos’”, disse Vera Lúcia.

Baianópolis

Em Baianópolis, Josiane Rodrigues (32) foi apenas retificar a data de nascimento das filhas na certidão de nascimento, mas saiu com outras demandas resolvidas. “Cheguei aqui e descobri que poderia fazer outros serviços, muito mais do que eu planejei, e saio daqui muito grata”, disse.

A defensora pública Laís Sambuc, coordenadora da 8ª Regional (Barreiras), explicou que Josiane foi registrada tardiamente pelo pai, após a maternidade. Com a Defensoria Pública, ela conseguiu fazer dois importantes ajustes na certidão de nascimento das crianças: incluir o seu nome de casada e registrar o nome do seu pai como avô das suas filhas.

Coordenadora do Núcleo de Atuação Estratégica (NAE), Cristina Ulm realizou um momento de educação em direitos com diálogos junto às secretarias de Educação e de Assistência Social, ao Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) e ao Conselho Tutelar do município. Na ocasião, foram distribuídas 100 cartilhas.

Conselheira tutelar de Baianópolis, Neluza Campos destacou em especial a cartilha Eu Me Protejo, voltada ao combate à violência sexual de crianças e adolescentes. “Esse material vai somar ao trabalho do Conselho Tutelar, pois vamos divulgar nas escolas e informar sobre a violência sexual e estupro de vulnerável”, disse. Além de Neluza, os conselheiros tutelares Florindo Nascimento, Juarez Gil e Railfon Firmino conversaram com a coordenadora Laís Sambüc sobre os parâmetros para a fixação da pensão alimentícia.

Cotegipe e Wanderley

Em Cotegipe, Vanessa Ketlin (21) foi adotada com apenas um mês de vida, na cidade de Barreiras, por Gertides Cunha (61). No caminhão, buscou o reconhecimento da maternidade socioafetiva. “Sinto felicidade, alegria, gratidão. É tanta coisa, eu não sei expressar em palavras. Há muito tempo, a gente queria isso”, afirmou.

A defensora pública Cristina Ulm explicou que os trâmites foram feitos na Unidade Móvel e, o próximo passo, é a ida ao cartório para a efetivação do direito e ajustar as certidões de nascimento e casamento de Vanessa. “Tem 21 anos que vocês têm esse vínculo socioafetivo, que não foi formalizado, mas a Defensoria veio aqui hoje e vai mudar a vida de vocês”. afirmou.

Já em Wanderley, Euracy Ramos (51), analfabeta e moradora da zona rural, foi à UMA acompanhada de assistentes sociais do município. Ela relatou que nos últimos tempos tem passado por transtornos após descobrir recentemente que, ao nascer, o seu pai entregou como se fosse seu o registro de nascimento da irmã distante – o qual usou por toda a vida.

Diante disso, a Defensoria expediu o ofícios aos cartórios da comarca (ou seja, de Wanderley e Cotegipe) solicitando a busca do registro de nascimento de Euracy Ramos da Cruz. A Instituição também solicitou que, caso ele não exista, o cartório de Wanderley prossiga com o imediato registro de Euracy.

Fonte: ASCOM DPE/BA
Foto: Divulgação

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